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Rochas Escuras

#3 - Uma parede no fim do túnel: apostas que deram errado

Era quase início de fevereiro e o rastro que a polícia tentava seguir não dava em nada. Houve a tentativa de conectar com o caso do desaparecimento de Marcela* relatado anteriormente, mas nada se encaixava. As pistas que ligavam Rafael eram frágeis, além dele próprio ter apresentado álibi que confirmava sua versão.


Enquanto isso, reportagens sobre o caso de Laura seguiam na imprensa. Neste momento, a pressão da sociedade permanecia mais firme como nunca. Membros da sociedade civil organizada com movimentos populares e familiares de Laura realizaram uma segunda manifestação logo no início de fevereiro.



Com os agentes da DHPP em campo, à procura de qualquer informação que pudesse contribuir com as investigações, algo surgiu e mudou completamente os rumos da investigação: um novo suspeito com histórico de abuso sexual contra crianças e morador do Residencial Flores da Amazônia.


Delegado Sérgio Kenupp esteve a frente da DHPP em Palmas no caso Laura. (Crédito: Governo do Tocantins)

Trata-se de Ronaldo Santana, conhecido como Roni, que acumula dois processos por abuso e estupro contra menores (processos nº2011.0009.5032-3/0 e 0024043-13.2015.827.2729). Na época, ele estava trabalhando como caixa de uma rede de supermercados em Palmas.


No dia do desaparecimento de Laura, ele e outros amigos foram vistos bebendo no bar “Tô-Ki-Tô” que fica ao lado do Mercado Supremo, onde Laura fora vista pela última vez. A avó de Laura, inclusive, passou por eles e perguntou sobre a garota.


Conforme testemunhas, enquanto esteve no bar, ao menos quatro saídas de Ronaldo aconteceram em intervalos de tempo diferentes: duas para ir ao mercado comprar laranjas e outras duas para ir até o Residencial Flores da Amazônia.


Somado com o histórico criminal, mais as declarações de que ele deixou o bar em momentos próximos do desaparecimento de Laura, outro fator foi determinante para sua posição como principal suspeito: no fatídico dia 09 de janeiro, pela manhã, ele fora visto aliciando uma outra garota menor de idade nas escadarias de um dos blocos do Residencial Flores da Amazônia.


No dia 26 de janeiro, exatos 17 dias após o sumiço de Laura, o delegado Sérgio Kenupp - de posse dessas informações - emite um mandado de intimação para Ronaldo Santana, que na época estava com 40 anos. Seu depoimento aconteceu no dia seguinte.


Ronaldo negou os casos em que foi acusado de abuso sexual contra menores no passado, inclusive que tenha conversado com uma outra criança nas escadarias do prédio no sábado.


Em seguida, relatou que conhecia Gilsandra e Laura, mas que não mantinha nenhum contato. O homem finalizou informando sobre a rotina do dia e com as companhias que estava no bar Tô-Ki-Tô, local que muitos viram a menina passar na primeira vez para alcançar o mercado.


Depoimentos confirmam que Ronaldo tentou aliciar criança


A polícia segue para tentar confirmar a informação de que ele conversou com outra menina no dia do desaparecimento de Laura. Essa garota, que terá seu nome preservado, estava com 13 anos na época e morava em um dos blocos do Residencial Flores da Amazônia.


Maria (nome fictício) prestou depoimento à polícia no dia 1º de fevereiro, e aos policiais seu relato acabou por confirmar os fatos daquela manhã de sábado no encontro com Ronaldo nas escadarias.


Segundo consta em seu depoimento, por volta das 11hs da manhã, encontrou ele no bloco que morava. “Colocou a mão no ombro da declarante e a chamou [...] para ir em seu [apartamento]”. Outros trechos do depoimento também confirmam a tentativa de aliciamento.


No momento em que a cena acontecia, um vizinho passou pelo local e viu Ronaldo próximo da criança e estranhou a situação. A informação de que crimes de pedofilia foram cometidos por ele era conhecida por muitos moradores do Flores da Amazônia, já que um dos casos de abuso do passado aconteceu justamente neste residencial.


Com base nestas informações, o delegado Kenupp emitiu o primeiro (e único) mandado de prisão conhecido sobre este caso até os dias de hoje. No dia 05 de fevereiro de 2016, o juiz José Ribamar Mendes autorizou a prisão temporária dele com base no crime de “estupro de vulnerável”. Clique aqui.


Ronaldo Santana só foi detido um mês depois, e permaneceu foragido durante o tempo em que o mandado de prisão ficou aberto. Ele, por meio de seu advogado, se entregou para a polícia no dia 08 de março, quatro dias após a divulgação de sua imagem na imprensa como suspeito de ter raptado Laura.


Em novo depoimento, agora como preso temporário do caso, Ronaldo tornou a negar envolvimento com o rapto de Laura e apontou justificativas para todas as ausências de quando saiu do bar na manhã do desaparecimento.


Ronaldo negou também as informações sobre possível aliciamento da menina Maria* no dia 09 de janeiro.



Enquanto Ronaldo permanecia preso, a polícia seguia trabalhando para montar um caso concreto contra ele. Até o momento da prisão e nas semanas seguintes, agentes e delegados deram declarações para a imprensa a qual indicavam claramente que ele era o principal suspeito e que a qualquer momento o caso seria solucionado.


Contudo, os agentes sabiam que as provas levantadas ainda eram insuficientes para apresentar um pedido de dilação de prazo da prisão temporária ou conversão em preventiva. Era preciso seguir investigando na construção de um caso que fosse concreto.


Mas isso não foi possível. Santana seguiu na Casa de Prisão Provisória por um mês, até que foi solto pela Justiça no dia 08 de abril, após pedido da defesa que alegou falta de novas evidências que o ligassem ao caso.


Enquanto esteve preso, Ronaldo foi agredido e torturado por outros presos da unidade penal, conforme laudo médico que consta no inquérito.


Atualmente, informações apuradas por esta reportagem indicam que ele mora na cidade de Paraíso-TO, a 60 km de Palmas, atuando como pastor evangélico. Ronaldo não foi localizado para apresentar seu posicionamento diante do caso. O espaço para manifestação segue aberto.


Ainda enquanto Ronaldo seguia preso na CPP de Palmas, uma nova pista do caso surgiu e esfriou a linha de investigação da DHPP.


A leitura da próxima parte traz em primeira mão, durante toda a cobertura do caso Laura, um depoimento sigiloso de uma testemunha que viu a garota na manhã do desaparecimento. Este relato trouxe uma descrição física de um novo suspeito em uma moto conversando com a menina na manhã em que ela desapareceu.



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Textura de concreto

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contato

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Recomendamos o contato com a polícia, através do telefone (63) 3218-1848!

Contudo, caso queira conversar diretamente com o repórter que produziu esta matéria, preencher os campos indicados:

Enviado

Informações sobre Laura
podem ser comunicadas à
1ª Divisão Especializada de
Homicídios e Proteção à Pessoa

(DHPP - Palmas) Governo do Estado do Tocantins

dhpp@ssp.to.gov.br


106 Norte Al 01 Lt 06,

Plano Diretor Norte - Palmas/TO

CEP: 77.006-068

Universidade Federal do Tocantins - UFT. Trabalho de Conclusão de Curso. Jornalismo - Julho/23

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