O caso de Laura Vitória é mais um que se soma as estatísticas dos diferentes bancos de dados existentes nas esferas estaduais e federais. Hoje, Laura estaria com 16 anos, estudando no ensino médio em alguma escola de Palmas e vivendo com a avó ou até mesmo com a mãe, Sione Pereira – que também poderia ter tido um final diferente.
Através do uso de tecnologias para envelhecimento de imagens, esta reportagem divulga em primeira mão uma foto de Laura retratando como ela poderia estar nos dias de hoje, sete anos após seu rapto.
Resgatar outros casos de desaparecimento é também um ato de memória e resistência em meio a tantos novos boletins de ocorrência que são registrados todos os dias.
“Já é hora de voltar” fecha esse projeto propondo mais questionamentos e chamando ainda mais atenção por aqueles que clamam por socorro.
Caso Saphira
Saphira Ferreira Lima é um dos mais recentes casos de desaparecimento de menores no Tocantins e que segue aberto. No dia 30 de maio de 2021, no setor Morada do Sol I – região sul da capital, a menina com então 10 anos, desapareceu à luz do dia sem deixar qualquer vestígio.
Naquele dia, ela foi vista pela última vez perto da sua residência, onde vivia com a família – a mãe, irmãos e um padrasto. Segundo comentado na época, a menina foi até a casa de uma vizinha. Momentos depois, desapareceu.
No dia do sumiço, parentes registraram o boletim de ocorrência. Uma busca intensiva seguiu na cidade, com a participação da comunidade procurando em matagais, córregos, quadras ao redor e até um lixão.
Poucos dias após o desaparecimento, a polícia analisou imagens de câmeras de segurança de um ônibus do sistema de transporte coletivo, onde um homem e uma menina foram vistos.
Contudo, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) acabou por descartar a possibilidade, após constatação de que a menina não era Saphira.
A Delegacia Especializada de Polícia Interestadual, Capturas e Desaparecidos (Polinter) trouxe depois uma pista significativa: Saphira poderia ter sido levada por um homem em uma bicicleta. Essa pista não foi desmentida e segue como uma das poucas existentes no caso.
O caso ganhou um novo capítulo em setembro de 2021, quando uma blusa que, acredita-se ser a que Saphira vestia no dia do desaparecimento, foi encontrada no quintal de sua casa. Susana Ferreira, mãe de Saphira, afirmou que a blusa pertencia à filha.
A peça de roupa foi coletada pela Polícia Civil para análise. Todavia, o elemento não trouxe nada de novo para o caso.
Casa onde Saphira morava foi incendiada
Um ano após o desaparecimento de Saphira, a casa onde ela morava com a família em Palmas foi incendiada. A residência teve seu interior completamente destruído.
Susana, mãe de Saphira, declarou à imprensa, na época, que o incêndio foi motivado por um conflito envolvendo seu filho adolescente. O suposto autor do incêndio, que estava com tornozeleira eletrônica, foi detido em flagrante.
Depois de sua prisão, o indivíduo alegou que o motivo do crime foi um suposto roubo de celular realizado pelo adolescente. A Secretaria de Estado da Cidadania e Justiça (Seciju) esclareceu que o suspeito foi detido e transferido para prisão domiciliar, conforme pedido do Judiciário.
Questionada sobre o caso de Saphira, a Polícia Civil informou que:
" A Secretaria da Segurança Pública do Tocantins informa que o mesmo está sendo investigado pela Delegacia Especializada de Polícia Interestadual, Capturas e Desaparecidos (Polinter) e segue sob sigilo."
Caso Sérgio Leonardo: portuense desaparecido há 36 anos
A história do desaparecimento de Sérgio Leonardo Mateus Cardoso, ocorrido em 28 de setembro de 1987, é um caso antigo e conhecido nacionalmente. A criança, que tinha pouco mais de um ano de idade, desapareceu enquanto brincava com os irmãos em frente à casa dos avós, na cidade de Porto Nacional - na época no Estado de Goiás.
O episódio se tornou um dos mais emblemáticos casos de desaparecimento infantil no país. Zulmira Gonzaga Cardoso, mãe de Sérgio Leonardo, dedica-se até os dias atuais à causa de pessoas desaparecidas.
Nos quase 36 anos desde a perda de seu filho, Zulmira manteve a esperança, enfrentando ao longo de quase quatro décadas pistas frustradas e a angustiante falta de respostas.
Uma das primeiras pistas, surgiu ainda em 1988, um ano após o desaparecimento, quando a família recebeu uma denúncia de que um fazendeiro teria comprado Sérgio.
As investigações foram iniciadas, o homem vendeu todas as suas propriedades e deixou o estado. Não se sabe a materialidade desta informação e a relevância para o caso, que está atualmente arquivado.
Quase uma década depois, em 1996, outra denúncia anônima chegou a dar novo fôlego à busca. A informação foi dada de que Sérgio Leonardo estava em uma fazenda situada entre os municípios de Ivaiporã e Londrina, ambos no estado do Paraná.
Em 2019, Zulmira, em depoimento postado nas redes sociais, reafirmou sua convicção de que o filho estava vivo. A história de Sérgio Leonardo Mateus Cardoso é um lembrete doloroso das muitas crianças que desaparecem todos os anos.
Apesar da dor e do silêncio de quase quatro décadas, a luta de Zulmira representa a esperança e a resiliência em busca de justiça, alimentando a certeza de que, um dia, as respostas virão.
Caso Madeleine McCann prestes a terminar?
Retratando um caso de escala global, o desaparecimento de Madeleine McCann em maio de 2007, em Portugal, é um dos casos mais marcantes da história. A pequena menina, com apenas três anos de idade, desapareceu durante as férias de sua família em uma praia no litoral daquele país.
Madeleine estava dormindo com seus irmãos mais novos no apartamento alugado, enquanto seus pais, Gerry e Kate McCann, jantavam com amigos em um restaurante próximo.
O caso rapidamente ganhou destaque na mídia internacional. Inicialmente, os pais foram considerados suspeitos pela polícia portuguesa, em uma investigação marcada por controvérsias e supostas falhas.
Durante anos, diversas pistas e suspeitos surgiram, mas nenhuma delas levou ao paradeiro de Madeleine. Já no ano passado, promotores alemães identificaram Christian Brueckner como o principal suspeito no desaparecimento de Madeleine.
Esse indivíduo, que tem um histórico de condenações por abuso infantil e tráfico, está atualmente preso na Alemanha, considerado culpado de estuprar uma mulher de 72 anos.
No decorrer de abril de 2022, a pedido das autoridades judiciárias portuguesas, Brueckner foi formalmente acusado na Alemanha pelo desaparecimento de Madeleine.
Desde 2020, as autoridades de investigação alemãs afirmam possuir evidências que comprovam que Madeleine foi assassinada, indicando Brueckner como o principal culpado. Contudo, a condenação ainda não foi efetivada.
Na época do incidente, Brueckner residia a uma curta distância do hotel na Praia da Luz, em Portugal, local onde a criança desapareceu. Segundo as autoridades alemãs, acredita-se que Madeleine não esteja mais viva.
Ainda vivemos um dia sem fim!
Aos leitores que chegaram até aqui, um convite para reflexões próprias deste jornalista acerca do caso Laura. Porque tantas mudanças? Não tem solução? Vamos refletir juntos.
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